Biografia: Alfredo Bulhões Gago da Câmara

Convidado de honra: http://povoadelanhosoacounoseum.blogspot.com/ Alfredo Gago da Câmara - Músico e Compositor
Biografia: Alfredo Bulhões Gago da Câmara

Alfredo Bulhões Gago da Câmara nasceu na ilha de São Miguel, Açores, em Vila Franca do Campo no ano de 1958. Ainda criança, escola primária, denotou grandes aptidões para a música, iniciando nesta altura os primeiros acordes na guitarra clássica. Embora execute, com conhecimentos mínimos, diversos instrumentos musicais, especializou-se mais em instrumentos de cordas possuindo hoje a carteira profissional de viola e de guitarra portuguesa emitida pelo Sindicato dos Músicos Portugueses.
Alfredo Gago de Câmara, como é conhecido, é um músico que já actuou diversas vezes em todas as ilhas dos Açores (teatros, centros culturais, restaurantes, festas concelhias, eventos diversos, etc), Madeira (festas da Madeira whine, festas de São Vicente, etc), no continente português em diversos lugares e distritos, Lisboa (casa dos Açores, casas de fado, aula magna, etc). Acompanhou diversos artistas e fadistas sobejamente conhecidos em Portugal e também no estrangeiro, principalmente em países aonde existem comunidades portuguesas, tais como: América, Canadá, Luxemburgo, Brasil e Venezuela.
Por diversas vezes Alfredo Gago da Câmara participou em programas de rádio, e de televisão com actuações em grupo, ou a solo, ou acompanhando às guitarras outros músicos e artistas.
Alfredo Gago da Câmara emprestou a sua arte para cerca de 50 edições discográficas e algumas cassetes áudio. Nestas edições, ele próprio foi o produtor de 1 single, ainda em vinil, e 29 C.D's., aparecendo em alguns destes trabalhos a solo, com voz, execuções, orquestrações, composições e até como autor de muitos poemas, estando neste momento a escrever um livro aonde pretende deixar também estes registos. Possui dezenas de temas da sua autoria, por ele editados, ou interpretados por outros músicos e cantores. Muitas destas criações hoje estão registadas na Sociedade Portuguesa de Autores da qual é sócio desde 1980 com o número 8.130.
Actualmente, Alfredo Gago da Câmara é diversas vezes solicitado para actuações de câmara, principalmente na área do fado, no entanto, faz composições, execuções e orquestrações de outros géneros musicais no seu estúdio particular de gravação, que utiliza também para a produção das suas próprias criações.
Alfredo Gago da Câmara foi professor de viola da terra no Conservatório Regional de Ponta Delgada e de guitarra clássica nas escolas da M.M. Music em Ponta Delgada. Foi também formador de diversos cursos de instrumentos de cordas em Santo António, Lagoa, Fenais da Luz, Vila Franca do Campo, freguesia de Calhetas, Ribeira Seca da Ribeira Grande, Matriz da Ribeira Grande, Rabo de Peixe, Pico da Pedra, etc.
Alfredo Gago da Câmara também foi monitor de cursos de expressão musical na Escola profissional de Capelas, Escola Profissional de Ribeira Grande e é desde oito anos o responsável pelas actividades culturais na Fundação Escola Profissional de Vila Franca do Campo, exercendo o cargo de Técnico de Apoio às Áreas Sócio-culturais nesta instituição. Possui diploma de Formação de Formadores, diploma em vigor de formador emitido pela Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada e é certificado pela Direcção Regional da Juventude, Emprego e Formação Profissional dos Açores.
Alfredo Gago da Câmara é casado com Piedade Rêgo Costa, fadista açoriana, possuidora de uma voz impregnada de sentimento que também já gravou dezenas de fados editados em cds. Emprestou também a sua voz para bandas sonoras televisivas, cantou em todas as ilhas dos Açores e realizou centenas de espectáculos, incluindo casas de fado também em Lisboa, Estados Unidos e Canadá, o que lhe valeu o prémio açoriano de carreira em 2008. No próximo mês de Março, Alfredo e Piedade Rêgo Costa irão lançar mais um álbum a solo nos Açores e em Lisboa intitulado "Fados e Guitarradas".

Alfredo Gago da Câmara afirma que no centro de todas as coisas, que fez, que faz ou em que participa, encontra sempre um coração de fadista, que é seu, e que palpita sempre que os seus braços abraçam uma viola ou uma guitarra portuguesa.

Janeiro 2010

Convidado de Honra pelo autor povoense Quelhas “Alfredo Bulhões Gago da Câmara”

alfredogagocamara@sapo.pt
estudiosalfa@hotmail.com
http://www.youtube.com/user/Guitarrista211158
http://hi5.com/friend/p310010632--Alfredo_Câmara--html

domingo, 19 de dezembro de 2010

Das Flores, uma voz!


Foi no passado dia 11, na formosa ilha das Flores, que decorreu a cerimónia de lançamento do cd de Armando Meireles intitulado: "Das Flores, uma voz!".

Armando Meireles, amigo de longa data, na minha modesta opinião, possui uma das melhores vozes açorianas. E digo açorianas porque, embora o Armando seja alfacinhade gema, trocou desde bem novo a sua terra natal pela pequena, mas lindíssima, ilha das Flores. Lá continua, teimosamente, há mais de 35 anos, apaixonado pela ilha mais ocidental dos Açores, pela sua família e pela Câmara Municipal das Lages, aonde dignamente desenpenha o cargo de vereador e vice presidente daquele concelho.

Lá estive com a minha guitarrinha! Abençoados florentinhos que ainda tiram o chapéu e cumprimentam toda a gente com ar amável e sorridente. Dão os bons dias, boas tardes ou boas noites a qualquer "bicho careta" que por eles passe pela frente na rua. Estes hábitos afáveis e de boa educação infelizmente às vezes já escaceiam na "evoluida" ilha de São Miguel.

Fui o produtor deste cd, gravado integralmente no meu estúdio. Além de todos os arranjos, faço também a execução instrumental e compus o primeiro tema que dá o título ao álbum. Vale a pena ouvi-lo! Acreditem que não o digo por mim, mas pela excelente interpretação do Armando Meireles.

Outra coisa foi o facto de não saber nem conhecer quem me iria acompanhar à viola. Tinham-me dito que era o Isac que vivia na ilha do Faial mas que tinha nascido nas Flores. Por fim, logo no primeiro dedo de conversa, descobrimos que a vida já nos tinha aproximado quando cumprimos o serviço militar juntos há 31 anos em cavalaria, no antigo Esquadrão de Lanceiros de Ponta Delgada. Agora, mais velhinhos, poderiamos passar bem um pelo outro sem nos conhecermos. Desta vez, não foi a farda que nos aproximou, foi o fado!

Aqui vai uma foto aonde falam as guitarras e os olhos. Claro que embalados pela magnifica voz de Armando Meireles.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CD "FADOS E GUITARRADAS"


CD FADOS E GUITARRADAS
Até ao dia 1 de Setembro estou de férias bem merecidas, julgo eu. Para não enferrujar os dedos, vou aceitando um trabalhinho aqui ou ali, conforme as solicitações.
Entretanto foi lançado no dia 22 de Julho, nas Portas do Mar em Ponta Delgada, o ùltimo cd que gravei com a fadista Piedade Rêgo Costa, intitulado " Fados e Guitarradas". São treze temas: seis guitarradas por mim executadas com Ricardo Melo no contrabaixo e sete fados interpretados pela minha cara metade. O cd já está disponível ao público (nas ilhas dos Açores, por enquanto) e, para adoçar a curiosidade, adicionei aqui dois links para dois videolips deste nosso novo álbum.

Bom Verão. Boas Férias.


sábado, 29 de maio de 2010

Malmequeres do meu quintal





QUADRAS DE MALMEQUER

A rosa um dia a brincar
O malmequer desfolhou!
Ficou logo a namorar
E hoje até já se casou.

Botão de rosa se abriu
O malmequer a mirou,
Corada a rosa sorriu
E envergonhada ficou.

Malmequer em seu intento
De flor sincera, orgulhosa,
Já fez até casamento
Entre um cravo e uma rosa.

Cada pétala, um beijo!
O malmequer se desfez.
Eu, ‘inda com mais desejo
Juntei-as mais uma vez.

O malmequer é certeiro,
O malmequer é esperto!
Conte as pétalas primeiro,
Vai ver que dá sempre certo.

O malmequer é a flor
Do mundo mais verdadeira,
Desfolhado traz amor
Que dura uma vida inteira.

Se mentir o malmequer,
Não pense que é desditosa,
É que também pode haver
Brincadeira mentirosa.


Alfredo Bulhões Gago da Câmara 2003

quinta-feira, 20 de maio de 2010

GENTE BOA


ACTUALIZADÍSSIMO!

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."


Guerra Junqueiro, 1896.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Noites de fado


No dia 2 de Maio a Câmara Municipal de Lagoa promove uma noite de fados no Cineteatro Lagoense Francisco D’Amaral Almeida, que contará com as presenças dos fadistas António Pinto Basto, Piedade Rego Costa, Paulo Linhares e Bárbara Moniz, que serão acompanhados na guitarra portuguesa por José Luís Nobre Costa e Alfredo Gago da Câmara, na viola por Francisco Gonçalo e no contrabaixo por Ricardo Melo. Esta noite de fados terá o seu início às 21h30 sendo que a entrada para este espectáculo será gratuita mas mediante o levantamento do bilhete na Câmara Municipal de Lagoa ou Posto de Turismo.
Também, com este mesmo elenco, no dia a seguir, 3 de Maio, no salão paroquial da Matriz, em Vila Franca do campo cantar-se-á o fado. Este serão de segunda-feira, a partir das 20.30, está integrado nas festas de São Miguel Arcanjo, que se realizam durante o fim de semana neste concelho.
Penso que irão ser duas noites espectaculares para os amantes de fado. As entradas serão gratuitas! Por isso, caros amigos, apareçam! Eu e a minha guitarra prometemos dar o melhor, o que não será difícil quando se acompanha este fabuloso leque de fadistas.
Até lá.

segunda-feira, 29 de março de 2010

CORAGEM, VILA-FRANQUENSES


CORAGEM, VILA-FRANQUENSES!

Por: Alfredo Bulhões Gago da Câmara
Técnico de apoio às Áreas Socioculturais

Todos os dias desloco-me a Vila Franca do Campo. Nasci, criei-me e trabalho naquele abençoado concelho invadido de terra fértil, cujas praias com suave areia de basalto negro aproximam o majestoso mar.
Há muitos anos que faço esta viagem e, confesso, que dezenas de vezes já me benzi pelo caminho e pedi a Deus, por mim, e por todos os outros que circulam pelo único acesso que liga esta Vila, pelo sul, a Ponta Delgada.
Passei uma semana a fazer esta viagem no meu velho carro pelo norte da ilha. Como eu, centenas ou milhares de pessoas o fizeram no meio de um movimento de tráfego fora do comum e em péssimas condições de circulação. Muitos alunos da Escola Profissional aonde trabalho, e também de outras Escolas deste concelho, deslocam-se de Água de Páu e Ribeira Chã todos os dias. Em vez de cinco ou dez minutos, levaram cerca de duas horas de autocarro. Isto para não falar nos estudantes residentes e comerciantes desta Vila que também diariamente se deslocam a Ponta Delgada.
Foi-se o tempo! Foi-se o dobro ou o triplo do combustível. O perigo diminuiu? Talvez, mas em por isso! Passamos por montões de terras encharcadas e removidas (embora acauteladas).
Recordo-me quando a estrada de acesso à Ribeira Grande (1981) ainda estava a ser construída, conduzia eu no início de uma noite chuvosa para aquela então Vila, a fim de realizar um serão de fados. Quando circulava na zona de Santana, cinquenta metros à minha frente, desabou um montão de terra removida, soterrando um Austin Mini com quatro pessoas. Uma senhora morreu. Ainda hoje retenho os gritos de desespero dos ocupantes da viatura que ajudamos naquela trágica noite.
Que culpa terá a terra? Que culpa terá a chuva? Talvez possamos culpar o tempo, dono e senhor do comportamento destes dois amigos do homem ou talvez o próprio homem por ter deixado passar o tempo.
E os vila-franquenses, que culpa terão? Nada do que aconteceu foi totalmente imprevisível. Há pelo menos cinco anos, existem sinais e chamadas de atenção graves acerca do que agora está acontecendo. Já era de esperar esta situação.
Nós, que nos silenciamos cada vez mais, também pagamos impostos dos mais elevados do planeta para a aquisição de viaturas, inspecções, seguros ao nível da Comunidade Económica Europeia que, na sua normalidade, não contemplam sequer acidentes desta natureza, impostos de circulação, etc. Será que não temos o dever e o direito de nos indignarmos e de exigir estradas, pavimentos e acessos rodoviários em boas condições?
Na passada terça-feira, uma vez mais o trânsito ficou interrompido por um desabamento de terra e ainda bem. Contrariado, lá fui pelo norte, mas dando graças a Deus porque a última derrocada já tinha acontecido três ou quatro horas antes do meu habitual percurso e de, felizmente, não ter vitimado ninguém. Regressei depois das 17 horas, quando reabriu a estrada. Mas… Credo! No meio de uma fila de carros, à espera de um sinal verde, olhei a medo para o lado direito e vislumbrei toneladas de terra em precipício. Será que alguém já pensou numa derrocada a sério, com todos aquelas viaturas paradas numa zona de perigo eminente?
Se não forem tomadas medidas urgentes, Vila Franca do Campo e os seus comerciantes irão perder a curto prazo muito das suas habituais receitas. Nos últimos anos a praia de Agua D’Alto, para mim e para muitos a melhor praia da ilha de São Miguel, tem mantido uma crescente afluência e uma assinalável qualidade mesmo em termos de restauração e de animação durante a época balnear.
Ouvi nesta terça-feira o telejornal da nossa estação local de televisão. Gostei da frontalidade de um conterrâneo de Água D’Alto entrevistado, e, que me perdoe o Dr. José Contente que bastante aprecio, mas verifiquei, uma vez mais, que em casos desta natureza, os políticos perdem a coragem para assumir alguns erros, principalmente, e neste caso, o erro de admitir que se deveria ter feito atempadamente o que descuidadamente pura e simplesmente não se fez. Depois… vem a justificação do habitual político sabido, que diz, não o que lhe vai na consciência, mas justamente aquilo que se sabe que as pessoas gostam de ouvir. Por fim, o nosso presidente Dr. António Cordeiro que, reconheço infelizmente, não tem outra solução, senão dignificar o povo de Vila Franca do Campo e pedir-lhe um pouco mais de paciência e sacrifício.
Até quando continuaremos a pagar facturas e juros, por inoperância dos nossos fornecedores?

sábado, 20 de março de 2010

Imagem dos FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Para reflectir... Não interessa o quanto a vida nos tem maltratado...Andar sempre de cabeça erguida!!!

domingo, 14 de março de 2010

EM CURSO A PREPARAÇÃO DAS FESTAS DE SÃO JOÃO 2010

Já está! Na foto em cima foi da minha autoria a Marcha da Escola Profissional de Vila Franca do Campo no passado ano, mas esta, que aqui em baixo escrevi, irá sair à rua agora em Junho, na noite de São João de 2010.

MARCHA DAS CORES

Vila Franca está em festa,
menina modesta,
linda feiticeira!
Deitou sortes ao luar,
saiu a cantar,
pela noite inteira.
Perfumada, bem vestida,
de saia comprida
em tom de encarnado.
De arquinho e balão,
vem com são João,
seu apaixonado.
Acendeu uma fogueira,
linda feiticeira,
ao seu namorado!

Esta marcha vai reinar
para encantar
a Vila com graça:
ser rainha do amor,
de todo o fulgor,
que a todos enlaça.
vem trazer a maresia
e a poesia
do nosso campino,
anunciando o Verão,
vem com São João,
Seu Santo divino,
de amores a abarrotar
à Vila vem dar
Sempre um sol a pino.
(Refrão)
Vamos atar nossas vidas
com estas fitas
cheias de cor!
Unidos pela lanterna
da chama eterna
do nosso amor.
Os balões são as fogueiras
das feiticeiras
de São João.
São a bola de cristal,
Profissional,
de um coração.


Letra e Música de: Alfredo Bulhões Gago da Câmara

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Bola de Fogo


Perqueno texto de um conto do livro que ando a escrever e que nunca mais fica pronto!


...Somos, de facto, uns heróis sedentos de outras distracções diferentes! Encomendamos aos mais modernos Shoppings Centers de diferentes e avançados paízes, um brinquedo invisível a que demos o nome de Evolução. A Evolução chegou até nós grávida e passou a habitar no centro da nossa pacata selva. Passados nove meses, deu à luz duas lindas meninas gêmeas, de óvulos diferentes: a Sensatez e a Alienação.
A Sensatez, em forma de água, cria os seus cursos de rios naturais, limpos e bem definidos. É branca, meiga, transparente e pura. A Alienação, em forma de fogo, é mais extrovertida. Produz tal fascinação atractiva e calorosa, que cativava qualquer inocente bem-intencionado.
A própria comunicação social rende-se ao seu fascínio e promove-a em filmes, estações de rádio, festas de paróquia, revistas da actualidade social e até lhe dá direito a tempo de antena todos os dias na televisão. Muitas vezes a Alienação perde o controlo. Não se limita apenas à beleza de algum contraste com a normalidade, ao tempero da frigidez, da inibição e ao calor quanto baste. Desenfreia-se, perdendo completamente o juízo. Começa por queimar aqui ou ali umas ervinhas insignificantes, ingere depois algumas acendalhas e passa mesmo a injectar-se com petróleo, depois com gasóleo. Experimenta todas as gasolinas e por fim a benzina e nunca chega ao auge da sua satisfação.
Esta bola de fogo enorme começa a aumentar alastrando-se de tal forma pela floresta, que acaba por rodear e asfixiar todos os rios, lagoas e as barragens resistentes, não as conseguindo destruir completamente, apenas porque, como se sabe, a água é indestrutível e sempre mais forte do que o fogo.
Felizmente...

Alfredo Gago da Câmara

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dedilhados Suaves e Mansos


DEDILHADOS SUAVES E MANSOS

O proprietário de uma casa neste país, não terá qualquer problema em endividar-se, desde que esta habitação tenha sido construída com benefícios fiscais e lhe tenha sido oferecida de mão beijada, porque nada tem, pouco ou nada trabalha, nada produz, e tudo reclama. Uma empresa, mesmo falida, para continuar em actividade neste mesmo país, poderá também sobreviver com perdões fiscais, sendo administrada por um político filiado, do poder ou não, que tudo tem, pouco ou nada trabalha, nada produz, e tudo reclama.
A outra grande semelhança que existe entre estes dois é o facto de nenhum deles ser responsabilizado pelas burrices que cometeu ou que comete. O primeiro porque continua a fazer o que lhe dá na real gana. Não tem qualquer prejuízo no seu bolso vazio, ou na sua promoção de carreira profissional que a maior parte das vezes não existe. Por isso, este não tem absolutamente nada a perder. E o segundo… Também! Só que mesmo assim lhe chovem depois as promoções meritórias (?), por ele legisladas, que lhe irão ser conferidas também através de excelentes e precoces reformas sociais pela sua ilustre e brilhante (?) carreira politica.
Mais uma grande semelhança que existe entre ambos é que os dois são polivalentes no desempenho dos seus ofícios. O primeiro é capaz de fazer de pedreiro, de pintor, de electricista, de lavrador, de canalizador, de cantor pimba, de pescador, de segurança num bar nocturno, etc. Excepcionalmente, com algumas cunhas, alguns até conseguem chegar a pequenos empresários e comerciantes de produtos que garantem o emprego e o ordenado a muitos advogados, juízes, médicos e psicólogos, o que é óptimo! O segundo percebe de advocacia e legislação, de pintura clássica, de obras públicas, de aviação, de música, de escultura, de telecomunicações, de economia, de administração bancária, etc. Às vezes, também com algumas cunhas, consegue mesmo chegar a grande empresário e administrador de importantes instituições e, é claro, garante também o emprego e o ordenado a muitos recém-formados e promissores jovens doutores, o que também é óptimo!
O grande problema é que existem outros que, por enquanto, são a maioria: os que ainda pouco ou alguma coisa têm, mas que trabalham e tudo produzem sem reclamar, e que, por incrível que pareça, ainda sustentam os primeiros e os segundos! Alguns, a pouco e pouco vão se afundando e entulham-se com os primeiros. Outros, os alisadores, impulsionados por uns duvidosos mas felizes empurrões, rolam para a bola de neve dos segundos. Ambos vão deixando um enorme e declinado fosso vazio que um dia acolherá os destroços de uma colisão inevitável entre os dois e, dos sobreviventes, irá renascer uma outra forma de viver seguramente mais humana, mais feliz, mais realista e mais justa neste meu país.
Nesta altura, a minha humilde guitarra para sempre já se calou! Fartou-se de vibrar com soluços incompreendidos. Orgulho-me dela pela sua persistente forma educada e sensível que tem de soltar os seus pianos trinados. Já lhe confidenciei, que enquanto me crescerem as unhas, irei sempre soltar-lhe os lamentos, embora de surdina! Naturalmente será porque, quando a encosto ao peito, lhe vou transmitindo de uma forma meiga o que me sai do coração, apenas com dedilhados suaves e mansos.

Alfredo Gago da Câmara

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O ÚLTIMO FIM DE VIDA NÃO É A EXCELÊNCIA

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista. Vale a pena ler!

Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem semeia ventos... Colhe tempestades

Recebi num email assim... Sem o autor identificado. Uma das histórias mais lindas que já li!
...para perceber esta história não é preciso acreditar no Menino Jesus.....

A Loja de Menino Jesus

Entrei e vi um anjo no balcão.
Maravilhado perguntei-lhe: "Anjo, o que vendes tu?"
Ele respondeu-me: "Todos os dons de Deus".
Contemplei a loja e vi jarros com compaixão, frascos com fé, pacotes com esperança, caixinhas com amor, potes com sabedoria...
Perguntei-lhe: "Custam muito caro?"Respondeu-me: "Não, é tudo de graça.
"Então, enchi-me de coragem e pedi: "Por favor, Anjo, quero uns quilos de perdão, muito amor, uma caixa com fé, um bocado de felicidade e um pacote de salvação eterna para mim e para a minha família."
Então o Anjo preparou um pequeno embrulho, tão pequeno que cabia na palma da minha mão, e entregou-me.
Espantado, mais uma vez lhe perguntei: "Está tudo aqui?"
O Anjo respondeu-me sorrindo: "Está sim. Na nossa Loja não vendemos frutos, apenas sementes."

sábado, 30 de janeiro de 2010

CANTARES ÀS ESTRELAS

NOITE DAS ESTRELAS – TRADIÇÃO SECULAR

A noite do dia um para o dia dois de Fevereiro é véspera do dia de Nossa Senhora da Estrela, vulgarmente conhecida por Senhora das Candeias. Ao escurecer grupos de cantares percorrem pela noite dentro as ruas das suas freguesias. Estes grupos visitam familiares e amigos fazendo serenatas às portas das suas casas. Nessas cantigas de versos populares, normalmente com quadras de improviso, apela-se aos donos da casa para abrirem a porta ao grupo na noite fria, o que geralmente acontece. São servidos alguns doces e licores (sobras deliciosas mais apuradas do Natal) e se o Carnaval é baixo servem-se também fatias douradas e “malassadas”, típico doce do Entrudo açoriano. Depois, cantando já dentro da casa, o grupo presta homenagem a quem os recebeu, sempre com referências de paz e saúde para a família visitada e com veneração à Virgem Maria e ao Menino Jesus. Depois de molhar o bico, retiram-se a cantar, tal como entraram, mas desta vez com quadras de agradecimento e de despedida aos donos da casa. A noite das Estrelas encerra toda a época natalícia do ano.
Era assim, e ainda é assim que se vive a Noite das Estrelas nos Açores. Na próxima segunda feira, dia um de Fevereiro, largas dezenas de grupos de cantares vão para a Noite das Estrelas na ilha de São Miguel. Principalmente nos concelhos da Ribeira Grande, Vila Franca do Campo e Lagoa. Hoje, de uma forma mais organizada, promove-se um desfile de diversos grupos que, após percorrerem algumas ruas do seu concelho, culminam com uma cantata em frente à Câmara Municipal. O principal objectivo desta “modernidade” é confraternização entre os músicos e cantores dos grupos com a autarquia e a população do concelho ou visitantes. É também incentivar estes mesmos grupos, aonde se integram já muitas crianças, à continuidade da tradição com cantatas pelas casas e pelas ruas das suas freguesias, nesta noite, logo após o desfile municipal.
Entre cerca de duas dezenas de composições que já fiz para as Estrelas, muitas delas interpretadas nesta noite, em 2006 escrevi umas quadras que fogem um pouco à regra da recepção e dos agradecimentos habituais, mas que gosto particularmente.
Espero que também sejam do vosso agrado.


ESTRELAS DAS CAMPESINAS
Nesta noite das Estrelas,
toda a luz sem se apagar
curva-se atrás das janelas,
abertas de par em par…

Até o Sol que é Estrela!
Tão cedo se foi deitar,
deixou sua luz mais bela
no reflexo do luar!

Quando se fixou no meu,
o teu olhar da janela
deu-me a doçura do Céu,
no cintilar de uma Estrela.

Quando a tua boca ardente
me brindou com um sorriso,
Vi uma Estrela cadente
a descer do Paraíso…

As Estrelas, com certeza,
levarão a outro mundo,
do teu olhar a beleza
que me deste num segundo!

E se uma delas surgir,
cadente, no firmamento,
p’ra quem irás tu sorrir
como naquele momento?

Letra e Música de: Alfredo Bulhões Gago da Câmara 2006

domingo, 24 de janeiro de 2010

Para o meu amigo Quelhas, sobre a lindíssima ilha de São Miguel, Açores.

"Minha Ilha Adormecida" do CD de Fados de Coimbra de Jorge Gago da Câmara denominado Açores Ondas de Fado. LANÇAMENTO DE CD "AÇORES, ONDAS DE FADO"


- Lindo! Quem disse que a utopoia não poderia ser aplicada, deveria seguir o exemplos dos últimos dois versos que teve a gentileza de me enviar. Para o bem, tudo serve, tudo encaixa se, por bom senso, subtrair-mos da união a hipocrisia. Obrigado. Que Deus o conserve.

- Foi um prazer adiciona-lo. Gostei do que li, do perfil, e das muitas curiosidades que eu desconhecia. Abraço açoriano.

- Obrigado pelos versos que me enviou e que retratam um pouco do estado de almas fadistas. Uma vez que está na Suíça, como forma de agradecimento, envio-lhe uns versos que fiz para um fado que compus que foi gravado e editado há poucos meses por um fadista chamado Paulo Linhares. ONDE MORAS, SENHOR FADO? Se um coração Português tem nostalgia ou saudade o Senhor Fado, cortês, mostra-lhe a sua amizade. Traz do mar o seu perfume e do campino a espora, das cidades o ciume, mas minguem sabe onde mora. O fado anda em viagem, outros países invade e transporta na bagagem remédios para a saudade Aparece de repente e sem perder altivez deixa sempre sorridente um coração português. Sei que nasceu em Lisboa, na Madragoa ou Bairro Alto. Por Mouraria e Alfama, deixou lá fama, fez-se ao asfalto. Do Algarve até ao Minho galgou caminho e, por instantes, em Coimbra doutorou-se e apaixonou-se por estudantes. Foi à Madeira e Açores fez mais amores, deixou amantes.

Vila Franca do Campo, 23 de Abril 2007

Versos e Música de Alfredo Bulhões Gago da Câmara Abraço, Alfredo Gago da Câmara

sábado, 23 de janeiro de 2010

Homenagem: Alfredo Bulhões Gago da Câmara








Alfredo Gago da Câmara
Não é "gago" não
Até seus dedos falam
Acordes na guitarra clássica
E faz sua própria composição...

Possui carteira profissional
Toca viola e guitarra portuguesa
Dos Açores a Portugal Continental
América, Canadá, Luxemburgo, Venezuela e Brasil
Vende disco ainda em vinil...

Produtor de 1 single, então
Faz actuações em grupo e a solo
Faz poemas para o coração
Toca vários instrumentos como artista
Mas só tem alma de fadista...

E está escrevendo 1 livro para recordação.

autor: Quelhas

http://povoadelanhosoacounoseum.blogspot.com/