CORAGEM, VILA-FRANQUENSES!
Por: Alfredo Bulhões Gago da Câmara
Técnico de apoio às Áreas Socioculturais
Todos os dias desloco-me a Vila Franca do Campo. Nasci, criei-me e trabalho naquele abençoado concelho invadido de terra fértil, cujas praias com suave areia de basalto negro aproximam o majestoso mar.
Há muitos anos que faço esta viagem e, confesso, que dezenas de vezes já me benzi pelo caminho e pedi a Deus, por mim, e por todos os outros que circulam pelo único acesso que liga esta Vila, pelo sul, a Ponta Delgada.
Passei uma semana a fazer esta viagem no meu velho carro pelo norte da ilha. Como eu, centenas ou milhares de pessoas o fizeram no meio de um movimento de tráfego fora do comum e em péssimas condições de circulação. Muitos alunos da Escola Profissional aonde trabalho, e também de outras Escolas deste concelho, deslocam-se de Água de Páu e Ribeira Chã todos os dias. Em vez de cinco ou dez minutos, levaram cerca de duas horas de autocarro. Isto para não falar nos estudantes residentes e comerciantes desta Vila que também diariamente se deslocam a Ponta Delgada.
Foi-se o tempo! Foi-se o dobro ou o triplo do combustível. O perigo diminuiu? Talvez, mas em por isso! Passamos por montões de terras encharcadas e removidas (embora acauteladas).
Recordo-me quando a estrada de acesso à Ribeira Grande (1981) ainda estava a ser construída, conduzia eu no início de uma noite chuvosa para aquela então Vila, a fim de realizar um serão de fados. Quando circulava na zona de Santana, cinquenta metros à minha frente, desabou um montão de terra removida, soterrando um Austin Mini com quatro pessoas. Uma senhora morreu. Ainda hoje retenho os gritos de desespero dos ocupantes da viatura que ajudamos naquela trágica noite.
Que culpa terá a terra? Que culpa terá a chuva? Talvez possamos culpar o tempo, dono e senhor do comportamento destes dois amigos do homem ou talvez o próprio homem por ter deixado passar o tempo.
E os vila-franquenses, que culpa terão? Nada do que aconteceu foi totalmente imprevisível. Há pelo menos cinco anos, existem sinais e chamadas de atenção graves acerca do que agora está acontecendo. Já era de esperar esta situação.
Nós, que nos silenciamos cada vez mais, também pagamos impostos dos mais elevados do planeta para a aquisição de viaturas, inspecções, seguros ao nível da Comunidade Económica Europeia que, na sua normalidade, não contemplam sequer acidentes desta natureza, impostos de circulação, etc. Será que não temos o dever e o direito de nos indignarmos e de exigir estradas, pavimentos e acessos rodoviários em boas condições?
Na passada terça-feira, uma vez mais o trânsito ficou interrompido por um desabamento de terra e ainda bem. Contrariado, lá fui pelo norte, mas dando graças a Deus porque a última derrocada já tinha acontecido três ou quatro horas antes do meu habitual percurso e de, felizmente, não ter vitimado ninguém. Regressei depois das 17 horas, quando reabriu a estrada. Mas… Credo! No meio de uma fila de carros, à espera de um sinal verde, olhei a medo para o lado direito e vislumbrei toneladas de terra em precipício. Será que alguém já pensou numa derrocada a sério, com todos aquelas viaturas paradas numa zona de perigo eminente?
Se não forem tomadas medidas urgentes, Vila Franca do Campo e os seus comerciantes irão perder a curto prazo muito das suas habituais receitas. Nos últimos anos a praia de Agua D’Alto, para mim e para muitos a melhor praia da ilha de São Miguel, tem mantido uma crescente afluência e uma assinalável qualidade mesmo em termos de restauração e de animação durante a época balnear.
Ouvi nesta terça-feira o telejornal da nossa estação local de televisão. Gostei da frontalidade de um conterrâneo de Água D’Alto entrevistado, e, que me perdoe o Dr. José Contente que bastante aprecio, mas verifiquei, uma vez mais, que em casos desta natureza, os políticos perdem a coragem para assumir alguns erros, principalmente, e neste caso, o erro de admitir que se deveria ter feito atempadamente o que descuidadamente pura e simplesmente não se fez. Depois… vem a justificação do habitual político sabido, que diz, não o que lhe vai na consciência, mas justamente aquilo que se sabe que as pessoas gostam de ouvir. Por fim, o nosso presidente Dr. António Cordeiro que, reconheço infelizmente, não tem outra solução, senão dignificar o povo de Vila Franca do Campo e pedir-lhe um pouco mais de paciência e sacrifício.
Até quando continuaremos a pagar facturas e juros, por inoperância dos nossos fornecedores?
Por: Alfredo Bulhões Gago da Câmara
Técnico de apoio às Áreas Socioculturais
Todos os dias desloco-me a Vila Franca do Campo. Nasci, criei-me e trabalho naquele abençoado concelho invadido de terra fértil, cujas praias com suave areia de basalto negro aproximam o majestoso mar.
Há muitos anos que faço esta viagem e, confesso, que dezenas de vezes já me benzi pelo caminho e pedi a Deus, por mim, e por todos os outros que circulam pelo único acesso que liga esta Vila, pelo sul, a Ponta Delgada.
Passei uma semana a fazer esta viagem no meu velho carro pelo norte da ilha. Como eu, centenas ou milhares de pessoas o fizeram no meio de um movimento de tráfego fora do comum e em péssimas condições de circulação. Muitos alunos da Escola Profissional aonde trabalho, e também de outras Escolas deste concelho, deslocam-se de Água de Páu e Ribeira Chã todos os dias. Em vez de cinco ou dez minutos, levaram cerca de duas horas de autocarro. Isto para não falar nos estudantes residentes e comerciantes desta Vila que também diariamente se deslocam a Ponta Delgada.
Foi-se o tempo! Foi-se o dobro ou o triplo do combustível. O perigo diminuiu? Talvez, mas em por isso! Passamos por montões de terras encharcadas e removidas (embora acauteladas).
Recordo-me quando a estrada de acesso à Ribeira Grande (1981) ainda estava a ser construída, conduzia eu no início de uma noite chuvosa para aquela então Vila, a fim de realizar um serão de fados. Quando circulava na zona de Santana, cinquenta metros à minha frente, desabou um montão de terra removida, soterrando um Austin Mini com quatro pessoas. Uma senhora morreu. Ainda hoje retenho os gritos de desespero dos ocupantes da viatura que ajudamos naquela trágica noite.
Que culpa terá a terra? Que culpa terá a chuva? Talvez possamos culpar o tempo, dono e senhor do comportamento destes dois amigos do homem ou talvez o próprio homem por ter deixado passar o tempo.
E os vila-franquenses, que culpa terão? Nada do que aconteceu foi totalmente imprevisível. Há pelo menos cinco anos, existem sinais e chamadas de atenção graves acerca do que agora está acontecendo. Já era de esperar esta situação.
Nós, que nos silenciamos cada vez mais, também pagamos impostos dos mais elevados do planeta para a aquisição de viaturas, inspecções, seguros ao nível da Comunidade Económica Europeia que, na sua normalidade, não contemplam sequer acidentes desta natureza, impostos de circulação, etc. Será que não temos o dever e o direito de nos indignarmos e de exigir estradas, pavimentos e acessos rodoviários em boas condições?
Na passada terça-feira, uma vez mais o trânsito ficou interrompido por um desabamento de terra e ainda bem. Contrariado, lá fui pelo norte, mas dando graças a Deus porque a última derrocada já tinha acontecido três ou quatro horas antes do meu habitual percurso e de, felizmente, não ter vitimado ninguém. Regressei depois das 17 horas, quando reabriu a estrada. Mas… Credo! No meio de uma fila de carros, à espera de um sinal verde, olhei a medo para o lado direito e vislumbrei toneladas de terra em precipício. Será que alguém já pensou numa derrocada a sério, com todos aquelas viaturas paradas numa zona de perigo eminente?
Se não forem tomadas medidas urgentes, Vila Franca do Campo e os seus comerciantes irão perder a curto prazo muito das suas habituais receitas. Nos últimos anos a praia de Agua D’Alto, para mim e para muitos a melhor praia da ilha de São Miguel, tem mantido uma crescente afluência e uma assinalável qualidade mesmo em termos de restauração e de animação durante a época balnear.
Ouvi nesta terça-feira o telejornal da nossa estação local de televisão. Gostei da frontalidade de um conterrâneo de Água D’Alto entrevistado, e, que me perdoe o Dr. José Contente que bastante aprecio, mas verifiquei, uma vez mais, que em casos desta natureza, os políticos perdem a coragem para assumir alguns erros, principalmente, e neste caso, o erro de admitir que se deveria ter feito atempadamente o que descuidadamente pura e simplesmente não se fez. Depois… vem a justificação do habitual político sabido, que diz, não o que lhe vai na consciência, mas justamente aquilo que se sabe que as pessoas gostam de ouvir. Por fim, o nosso presidente Dr. António Cordeiro que, reconheço infelizmente, não tem outra solução, senão dignificar o povo de Vila Franca do Campo e pedir-lhe um pouco mais de paciência e sacrifício.
Até quando continuaremos a pagar facturas e juros, por inoperância dos nossos fornecedores?
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