
A noite do dia um para o dia dois de Fevereiro é véspera do dia de Nossa Senhora da Estrela, vulgarmente conhecida por Senhora das Candeias. Ao escurecer grupos de cantares percorrem pela noite dentro as ruas das suas freguesias. Estes grupos visitam familiares e amigos fazendo serenatas às portas das suas casas. Nessas cantigas de versos populares, normalmente com quadras de improviso, apela-se aos donos da casa para abrirem a porta ao grupo na noite fria, o que geralmente acontece. São servidos alguns doces e licores (sobras deliciosas mais apuradas do Natal) e se o Carnaval é baixo servem-se também fatias douradas e “malassadas”, típico doce do Entrudo açoriano. Depois, cantando já dentro da casa, o grupo presta homenagem a quem os recebeu, sempre com referências de paz e saúde para a família visitada e com veneração à Virgem Maria e ao Menino Jesus. Depois de molhar o bico, retiram-se a cantar, tal como entraram, mas desta vez com quadras de agradecimento e de despedida aos donos da casa. A noite das Estrelas encerra toda a época natalícia do ano.
Era assim, e ainda é assim que se vive a Noite das Estrelas nos Açores. Na próxima segunda feira, dia um de Fevereiro, largas dezenas de grupos de cantares vão para a Noite das Estrelas na ilha de São Miguel. Principalmente nos concelhos da Ribeira Grande, Vila Franca do Campo e Lagoa. Hoje, de uma forma mais organizada, promove-se um desfile de diversos grupos que, após percorrerem algumas ruas do seu concelho, culminam com uma cantata em frente à Câmara Municipal. O principal objectivo desta “modernidade” é confraternização entre os músicos e cantores dos grupos com a autarquia e a população do concelho ou visitantes. É também incentivar estes mesmos grupos, aonde se integram já muitas crianças, à continuidade da tradição com cantatas pelas casas e pelas ruas das suas freguesias, nesta noite, logo após o desfile municipal.
Entre cerca de duas dezenas de composições que já fiz para as Estrelas, muitas delas interpretadas nesta noite, em 2006 escrevi umas quadras que fogem um pouco à regra da recepção e dos agradecimentos habituais, mas que gosto particularmente.
Espero que também sejam do vosso agrado.
ESTRELAS DAS CAMPESINAS
Nesta noite das Estrelas,
toda a luz sem se apagar
curva-se atrás das janelas,
abertas de par em par…
Até o Sol que é Estrela!
Tão cedo se foi deitar,
deixou sua luz mais bela
no reflexo do luar!
Quando se fixou no meu,
o teu olhar da janela
deu-me a doçura do Céu,
no cintilar de uma Estrela.
Quando a tua boca ardente
me brindou com um sorriso,
Vi uma Estrela cadente
a descer do Paraíso…
As Estrelas, com certeza,
levarão a outro mundo,
do teu olhar a beleza
que me deste num segundo!
E se uma delas surgir,
cadente, no firmamento,
p’ra quem irás tu sorrir
como naquele momento?
Letra e Música de: Alfredo Bulhões Gago da Câmara 2006
toda a luz sem se apagar
curva-se atrás das janelas,
abertas de par em par…
Até o Sol que é Estrela!
Tão cedo se foi deitar,
deixou sua luz mais bela
no reflexo do luar!
Quando se fixou no meu,
o teu olhar da janela
deu-me a doçura do Céu,
no cintilar de uma Estrela.
Quando a tua boca ardente
me brindou com um sorriso,
Vi uma Estrela cadente
a descer do Paraíso…
As Estrelas, com certeza,
levarão a outro mundo,
do teu olhar a beleza
que me deste num segundo!
E se uma delas surgir,
cadente, no firmamento,
p’ra quem irás tu sorrir
como naquele momento?
Letra e Música de: Alfredo Bulhões Gago da Câmara 2006