
Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!
2 comentários:
Homenagem: Alfredo Bulhões Gago da Câmara
Alfredo Gago da Câmara
Não é "gago" não
Até seus dedos falam
Acordes na guitarra clássica
E faz sua própria composição...
Possui carteira profissional
Toca viola e guitarra portuguesa
Dos Açores a Portugal Continental
América, Canadá, Luxemburgo, Venezuela e Brasil
Vende disco ainda em vinil...
Produtor de 1 single, então
Faz actuações em grupo e a solo
Faz poemas para o coração
Toca vários instrumentos como artista
Mas só tem alma de fadista...
E está escrevendo 1 livro para recordação.
autor: Quelhas
Sinto medo, muito medo,
Desta nova melodia
Por entender que eu, Alfredo,
Dividido em agonia
Não sei se “clic” a guitarra
Que por mim chora de dor
Ou se vou teclar com garra
Este meu computador.
Esta agora! Esta é boa!
Uma pausa, por favor!
Para agradecer a loa
Deste Quelhas, bom autor.
E à Efigênia Coutinho
Vai também cá um beijinho.
C/ agradecimento
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